A palavra “fantasia” vem do grego (phantasia) e significa a imaginação, algo que só existe nas nossas cabeças. Mas, imagine que você pode entrar nesse mundo com todos os cinco sentidos: ver e ouvir claramente o ambiente fantástico, sentir o vento quando voa, o toque de uma pessoa que não se pode encontrar na vida real ou mesmo o sabor e o cheiro da sua comida favorita que se pode comer de graça e tanto quanto se queira. Isto tudo é possível para acontecer e as pessoas com esse poder chamam- se onironautas.

Onironauta é um indivíduo que tem sonhos lúcidos, ou seja, tem consciência de que sonha. Contudo, ele é capaz até de controlar o mundo de sonho, criando-o em dependência das suas preferências. Clareza de pensamento, acesso às memórias e influência sobre o conteúdo do sonho dependem, obviamente, do nível de avanço do sonhador. E o melhor de tudo, qualquer um pode tornar-se um onironauta, basta apenas um pouco de treinamento. O neurocientista e pesquisador do Instituto do Cérebro da UFRN, Sérgio Arthuro Mota-Rolim, em sua tese de doutorado considera que a maioria das pessoas tem um sonho lúcido espontaneamente pelo menos uma vez na sua vida.

Os sonhos lúcidos permitem realizar quase todas as fantasias – a própria imaginação é o limite. Voar, viajar, super poderes como atravessar paredes, falar com os mortos, namorar celebridades… Além disso, não existem obstáculos físicos. Pessoas míopes não precisam de óculos, não há dor durante lutas de espadas (a menos que o sonhador acredite que o sente), não há fome, etc. Um verdadeiro paraíso!

Mas, calma, porque o treinamento não é fácil e depende das predisposições próprias. Felizmente, por vezes, é suficiente ler sobre a lucidez em sonhos, pensar nela o dia inteiro porque, de facto, o mais importante é a atitude. Na internet ou nos livros é bem fácil encontrar o conteúdo que ensina como ficar consciente durante o sono. No entanto, algo diferente funciona para cada um. O importante é não se desanimar e praticar. Técnicas de relaxação, concentração apropriada do pensamento, hipnose… só cuidado com substâncias com efeitos psicoativos, pode ser perigoso. Sabe-se que com certeza manter um diário de sonho, meditar e fazer os testes de realidade, ou seja, perguntar a si mesmo “Será que estou sonhando?” várias vezes por dia e verificar isto (por exemplo considerar se o relógio mostra o tempo real) são as maneiras mais úteis.

Durante uma pandemia, muitas pessoas fogem para a fantasia de qualquer maneira. A prática do sonho lúcido é um ótimo desafio para a quarentena, o lockdown ou quando simplesmente se precisa ficar em casa para matar o tédio.

As tentativas podem acabar em fadiga, noites com pouco sono ou pesadelos. Mas, vale a pena descobrir por si próprio, pois a capacidade da nossa mente pode superar o entretenimento proporcionado pela tecnologia. Além de mais, os celulares de fato amortecem  a qualidade do sono e levam frequentemente à insônia. É bom dar um novo significado ao ato de dormir e não tratá-lo apenas como uma necessidade que ocupa tanto tempo. 

Bons sonhos!

Trabalho apresentado à disciplina de Linguagem e a mídia: texto e discurso, ministrada pelo professor Samuel Figueira Cardoso – Instituto de Estudos Ibéricos e Ibero-americanos da Universidade de Varsóvia, semestre de inverno 2021/2022.

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Estudante do terceiro ano na Licenciatura em Estudos Brasileiros no Instituto de Estudos Ibéricos e Ibero-Americanos da Universidade de Varsóvia. Apaixonada pelo jiu-jitsu brasileiro. Adora aprender línguas estrangeiras, ler livros e beber erva-mate.

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