Acordas, lentamente abrindo os olhos. Deitas-te na relva suave e ouves que uns pássaros cantam na distância. Sentes um aroma agradável e fresco. Não podes recordar porque estás neste lugar... Na verdade ainda não recordas o teu nome. Sentes-te um pouco ansioso e decides levantar-te.
[[Levanta-te->Levantar]]Percebes que estás numa floresta. Vês um crepúsculo magnífico entre umas árvores. Se tivesses o teu telefone para tirar uma foto... Mas sentes que o telefone não está em nenhum bolso das calças. Por outro lado não queres confiar na tua lembrança e pões a mão no bolso direito.
[[Tira uma carteira pequena->Carteira]](align:"<==")+(box:"======XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX=========")[(text-style:"bold","expand","sway")[(text-colour:#0b640b)[
#(text-style:"blur")[Floresta interior]]]
por Kinga Bojarska
[[Começar->Começo]]]Na carteira ficam algumas notas e o teu cartão de cidadão. Lês:
<style>
div {
background-color: white;
width: 400px;
border: 15px white;
padding: 20px;
margin: 10px;
}
</style>
<div>
<h4>(text-colour:grey)+(bg:white)[''JÚLIO SERRANO
|M| |1,87| |PRT| |15.03.1987|'']</h4>
</div>
Acalmas-te um bocadinho e respiras profundamente. A vista do teu nome próprio e a data do teu nascimento alivia o medo do desconhecido. Mas isto não explica porque estás nesta floresta misteriosa.
É pouco tempo antes do pôr do sol. Decides buscar algum caminho para deixar este lugar.
[[Olha ao redor da floresta->Passeio]]Andas cerca de 30 minutos por um caminho pequeno em direção ao sol, que lentamente desaparece além do horizonte. Durante o passeio tens tempo para recordar mais informações sobre ti próprio. Afinal de contas, tens só a tua companhia. Ou seja a companhia do Júlio Serrano, um professor de português na escola secundária e um poeta contemporâneo. Também o sonhador que tenta encontrar alguma felicidade neste mundo depois da morte da sua apaixonada Matilde.
Ah, amável Matilde... O cancro deu-lhe um sofrimento inimaginável numa idade tão jovem... Se estivesse contigo nesta floresta magnífica, certamente gostaria muito deste lugar.
De repente vês algo curioso, parece que o caminho se separa em três trilhas diferentes.
[[Examina os caminhos->Caminhos]]O caminho esquerdo é cercado por umas árvores novas, parece que foram plantadas bastante recentemente. Vês que perto destas árvores há muitas flores brancas, margaridas e lírios do vale entre outros. Lembra-te dos verões da tua infância.
O caminho central parece mais selvagem. É cercado por uns arbustos e freixos (é a tua árvore favorita). No terreno reconheces anémonas-dos-bosques que cobrem a maior parte da terra. Lembra-te daquela primavera na qual acampaste na floresta quando ainda eras estudante na universidade.
O caminho direito é mais severo, não há nenhumas flores perto dele. Ficam só uns pinheiros muito altos e com certeza mais velhos do que outras árvores neste lugar. Lembra-te dos outonos tranquilos passados com a tua amada Matilde.
Todo o lugar parece muito artificial, não é possível que a natureza crie caminhos tão regulares e separados uns dos outros. Mas não tens mais tempo para pensar, estás muito determinado para encontrar a saída. Decides escolher um dos três caminhos e andar tanto quanto seja necessário.
[[Anda pelo caminho esquerdo->Caminho esquerdo]]
[[Anda pelo caminho central->Caminho central]]
[[Anda pelo caminho direito->Caminho direito]]Entras no caminho esquerdo e continuas a vaguear. A vista das flores bonitas melhora o teu estado de espírito. Sorris quando observas umas abelhas e vários tipos de borboletas. Todo o cenário parece muito utópico.
Após mais alguns passos percebes uma clareira na distância! Certamente fica alguma outra coisa ali...
[[Corre para a clareira->Clareira esquerda]]Entras no caminho central e continuas a vaguear. É um pouco difícil de atravessar uns arbustos que começam a aparecer no caminho, felizmente estas plantas não têm espinhos. Todo o cenário parece muito natural.
Após mais alguns passos percebes uma clareira na distância! Certamente fica alguma outra coisa ali...
[[Corre para a clareira->Clareira central]]Entras no caminho direito e continuas a vaguear. Está um pouco frio, mas ao menos todo o horizonte é bem visível graças a uns pinheiros estreitos. Não ouves sequer um inseto. Todo o cenário parece muito sereno.
Após mais alguns passos percebes uma clareira na distância! Certamente fica alguma outra coisa ali...
[[Corre para a clareira->Clareira direita]]Após esta curta corrida já estás na clareira redonda. No centro estão umas cinzas de fogueira formadas num círculo. Ao lado das cinzas está uma árvore caída, perfeita para se sentar. Este lugar parece-te muito familiar...
Decides sentar-te na árvore e examinas todo o lugar com atenção. Olhas para os restos de uma fogueira que com certeza esteve a arder muito tempo atrás, agora está coberta por umas folhas. Olhas em volta da árvore, com um desejo para encontrar alguma coisa que te vai parecer tão estranha como toda esta floresta...
E lá está ele! Apanhas um chapéu roxo de tecido muito macio, com uma borda larga. A tua Matilde tinha o mesmo chapéu, era o favorito dela, apesar de ter uma pequena manchinha de tinta branca...
Impossível! Encontras a mesma manchinha no chapéu! Viste a Matilde com este chapéu pela primeira vez quando vocês se reuniram num acampamento em 2008.
<a href="https://imgur.com/gM7u82H"><img src="https://i.imgur.com/gM7u82H.png" title="source: imgur.com" /></a>
Lembras-te disso como se acontesse ontem...
[[Recorda a memória->Memória da juventude]]Após esta curta corrida já estás na clareira redonda. No centro estão algumas páginas de um livro, portanto começas a procurar por uma fonte das páginas, um livro incompleto. Vês um título de um poema escrito nestas páginas: //Se alguém me perguntar//. Este título parece-te muito familiar...
Querias começar a ler esta página que está na tua mão, mas apercebes-te de alguma coisa em forma de quadrado debaixo duma árvore perto de ti. Não podes esperar, portanto aproximas-te da árvore e olhas mais atentamente...
Impossível! É o teu primeiro volume de poesia, se calhar é a primeira cópia do volume que deste à Matilde no dia em que fez 30 anos.
<a href="https://imgur.com/yYz24og"><img src="https://i.imgur.com/yYz24og.png" title="source: imgur.com" /></a>
Recordas isto como se acontesse ontem...
[[Recorda a memória->Memória da idade adulta]]Após esta curta corrida já estás na clareira redonda. No centro está um baloiço velho, coberto por musgo e várias folhas. Este baloiço parece-te muito familiar...
Sentas-te no baloiço e examina-lo com atenção. Toda a construção é obsoleta e as correntes estão enferrujadas. Subitamente reparas num símbolo estranho na parte que apoia o baloiço. Olhas mais atentamente...
Impossível! É a escrita "Júlio + Matilde" feita com um canivete por ti há dez anos! A escrita fica dentro do coração que fizeste mais tarde.
<a href="https://imgur.com/dbVZb8Z"><img src="https://i.imgur.com/dbVZb8Z.png" title="source: imgur.com" /></a>
Recordas isto como se acontesse ontem...
[[Recorda a memória->Memória da infância]]Conheceste a Matilde num campo de férias quando tinhas dez anos. Foi a tua primeira viagem sem os teus pais e recordas que estiveste bastante estressado. Os rapazes neste campo foram rudes e não gostaste deles, mas finalmente conseguiste encontrar uma boa companhia. Era uma rapariga magra com os olhos azuis e o cabelo louro que melhorava o tempo ali. Descobriste que a Matilde vivia em Faro (muito longe de Lisboa onde tens vivido...) e a mãe dela era da Polónia.
Infelizmente ela teve de deixar o campo mais cedo. No último dia ofereceste-lhe escrever os vossos nomes no vosso baloiço favorito. Depois da partida dela adicionaste um coração em redor da escrita. A Matilde foi o teu primeiro amor, mas ainda não sabias que iria ser também o último.
...
Algum feixe de luz interrompeu a tua reflexão. Ergues a tua cabeça e não podes acreditar no que estás a ver...
— Matilde...?
Vês a tua amada Matilde. Está a sorrir calmamente, certamente já não está doente. Ela parece um pouco... transparente? E está em frente de uma luz muito intensa. Não compreendes nada.
— Sim, meu amado Júlio. Sou eu. Queria explicar-te toda esta situação.
[[— Matilde... Como é possível que estejas viva?->Explicação (infância)]]— Não, querido, estou morta. Tu também não vives.
— Quê... — não podes dizer nada mais.
— Deixa-me explicar tudo. Já não estamos no mundo dos vivos. Após a minha morte esperava por ti e criei esta floresta para te acalmar logo depois da tua morte. Acordaste aqui e não te lembras de nada, não é? É porque demora algum tempo para recordar todas as informações sobre ti mesmo e sobre que já morreste. Recordo que gostaste sempre de florestas, portanto achei que iria ser mais confortável ouvir tudo isto num ambiente florestal. Também criei três caminhos para te recordar das tuas memórias agradáveis comigo. Vejo que escolheste o caminho esquerdo, o nosso primeiro encontro... — continua a sorrir tranquilamente.
Beliscas a tua pele no braço esquerdo, mas nada acontece.
— Júlio, isto não é um sonho, não vais acordar... Mas já sabes tudo e a tua alma vai acalmar-se em breve.
A Matilde tem razão, começas a sentir-te mais calmo. O medo desaparece e agora sentes só um amor enorme e profundo pela tua amada Matilde.
— Minha Matilde docinha, amo-te muito... Amo-te mesmo após a morte.
— Amo-te também, Júlio. Vamos passar toda a eternidade em conjunto. Basta pegares na minha mão.
[[— Tenho uma última pergunta...->Pergunta]]
[[Pega na mão da Matilde->Fim]]Pegas na mão dela. Vês apenas uma luz branca e não sentes nada além de uma serenidade eterna.
<h2><a href="https://imgur.com/R036RT4"><img src="https://i.imgur.com/R036RT4.png" title="source: imgur.com" /></a></h2>
<h3>//(text-colour:#c5f6fa)[(text-style:"blurrier")[FIM]]//</h3>
[[Recomeçar->Título]]Estavas no segundo ano dos teus estudos de pedagogia na Universidade de Lisboa. Ainda não tinham começado as férias de verão, mas o tempo era tão agradável que o teu ano organizou um acampamento na floresta perto de Lisboa.
Passaste a primeira noite perto de uma fogueira, pensaste sobre os teus estudos e apresentações na universidade. Em algum momento reparaste em uma mulher com um chapéu roxo muito original. Olhaste mais atentamente para a cara dela e reconheceste-a. Era a Matilde, o teu primeiro amor. Não a tinhas visto por muitos anos...
— Olá, Matilde! Reconheces-me?
— Júlio! Como poderia te esquecer?
Falaste com ela a noite inteira. Neste tempo a Matilde tinha um namorado, António, que estudou contigo. Depois começaste a passar tempo com a Matilde e ainda não sabias que ela iria ser o amor da tua vida.
...
Algum feixe de luz interrompeu a tua reflexão. Ergues a tua cabeça e não podes acreditar no que estás a ver...
— Matilde...?
Vês a tua amada Matilde. Está a sorrir calmamente, certamente já não está doente. Ela parece um pouco... transparente? E está em frente de uma luz muito intensa. Não compreendes nada.
— Sim, meu amado Júlio. Sou eu. Queria explicar-te toda esta situação.
[[— Matilde... Como é possível que estejas viva?->Explicação (juventude)]]— Não, querido, estou morta. Tu também não vives.
— Quê... - não podes dizer nada mais.
— Deixa-me explicar tudo. Já não estamos no mundo dos vivos. Após a minha morte esperava por ti e criei esta floresta para te acalmar logo depois da tua morte. Acordaste aqui e não te lembras de nada, não é? É porque demora algum tempo para recordar todas as informações sobre ti mesmo e sobre que já morreste. Recordo que gostaste sempre de florestas, portanto achei que iria ser mais confortável ouvir tudo isto num ambiente florestal. Também criei três caminhos para te recordar as tuas memórias agradáveis comigo. Vejo que escolheste o caminho central, o nosso reencontro no acampamento... — continua a sorrir tranquilamente.
Beliscas a tua pele no braço esquerdo, mas nada acontece.
— Júlio, isto não é um sonho, não vais acordar... Mas já sabes tudo e a tua alma vai acalmar-se em breve.
A Matilde tem razão, começas a sentir-te mais calmo. O medo desaparece e agora sentes só um amor enorme e profundo pela tua amada Matilde.
— Minha Matilde docinha, amo-te muito... Amo-te mesmo após a morte.
— Amo-te também, Júlio. Vamos passar toda a eternidade em conjunto. Basta pegares na minha mão.
[[— Tenho uma última pergunta...->Pergunta]]
[[Pega na mão da Matilde->Fim]]A Matilde fazia anos no dia 2 de novembro, mas este dia, em 2017, foi especial por duas razões. A primeira razão foi óbvia — a tua amada Matilde acabou o período da juventude dela. A segunda foi o lançamento do teu primeiro volume de poesia, sobre o qual a Matilde ainda não sabia. Quiseste surpreendê-la com a leitura do poema escrito para ela, //Se alguém me perguntar//.
Era um dia muito frio, já estava escuro fora das janelas, portanto decidiste celebrar este dia em casa. Vocês acabaram a comer o bolo de aniversário e sentaram-se no sofá na vossa sala. Este momento foi ótimo para recitar o teu poema.
— Tenho uma surpresa para ti, meu amor. Ouve o poema que escrevi, por favor. O título é //Se alguém me perguntar//.
//Se alguém me perguntar
sobre o que me cativa//
...
Acabaste a leitura. Não conseguiste perguntar a opinião dela, porque já te abraçou e beijou. Vocês estavam tão felizes... Este foi o último dia de anos dela antes do diagnóstico de cancro.
...
Algum feixe de luz interrompeu a tua reflexão. Ergues a tua cabeça e não podes acreditar no que estás a ver...
— Matilde...?
Vês a tua amada Matilde. Está a sorrir calmamente, certamente já não está doente. Ela parece um pouco... transparente? E está em frente de uma luz muito intensa. Não compreendes nada.
— Sim, meu amado Júlio. Sou eu. Queria explicar-te toda esta situação.
[[— Matilde... Como é possível que estejas viva?->Explicação (idade adulta)]]— Não, querido, estou morta. Tu também não vives.
— Quê... — não podes dizer nada mais.
— Deixa-me explicar tudo. Já não estamos no mundo dos vivos. Após a minha morte esperava por ti e criei esta floresta para te acalmar logo depois da tua morte. Acordaste aqui e não te lembras de nada, não é? É porque demora algum tempo para recordar todas as informações sobre ti mesmo e sobre que já morreste. Recordo que gostaste sempre de florestas, portanto achei que iria ser mais confortável ouvir tudo isto num ambiente florestal. Também criei três caminhos para te recordar as tuas memórias agradáveis comigo. Vejo que escolheste o caminho direito, o meu dia de anos favorito de toda a minha vida... — continua a sorrir tranquilamente.
Beliscas a tua pele no braço esquerdo, mas nada acontece.
— Júlio, isto não é um sonho, não vais acordar... Mas já sabes tudo e a tua alma vai acalmar-se em breve.
A Matilde tem razão, começas a sentir-te mais calmo. O medo desaparece e agora sentes só um amor enorme e profundo pela tua amada Matilde.
— Minha Matilde docinha, amo-te muito... Amo-te mesmo após a morte.
— Amo-te também, Júlio. Vamos passar toda a eternidade em conjunto. Basta pegares na minha mão.
[[— Tenho uma última pergunta...->Pergunta]]
[[Pega na mão da Matilde->Fim]]— Sim?
— Quero saber... Porque morri? Sabes porquê? Não me lembro da situação que me guiou para a tua floresta.
— Morreste num acidente de carro, tinhas 47 anos. O acidente não foi culpa tua, foste a única vítima fatal... Mas agora isso não tem importância.
— Tens razão, docinha. Só estava curioso.
Não sentes nem tristeza, nem raiva. A tua alma está num estado que não te permite sentir estas emoções.
Pensas que estás preparado para começar a tua vida eterna.
[[Pega na mão da Matilde->Fim]]